É incrível pensar que Março termina hoje. O mês da mesa, o mês do verbo partir, o mês que percebi que tinha novos amigos, a partir do significado da amizade.O mês que tirei o aparelho. O mês de conhecer o comportamento das pessoas adultas, que até antes não tinha realmente observado. Março, o mês do encontro inesperado com as coisas e horas de choro quer sozinha quer bastante acompanhada. Não me lembro da ultima vez que tive tão sensível como durante grande parte deste dias. Catarina, a Maria Madalena do choro incontrolado. Catarina a menina das mãos de manteiga. Catarina, a miúda que dá conselhos e tem um bom papel como cupido. Catarina, a criança que adormece nas aulas de patologia e na sala de espera do dentista. Um Óscar por ter sobrevivido a isto tudo se faz favor. A parte gira de viver é rir-nos da nossa própria desgraça.
Como diz o meu pai, de tudo que nos acontece, tiramos uma lição, aprendemos algo com o que erramos ou achamos que está certo. Aprendemos com as pessoas a ser ou não ser como elas. Percebi finalmente que as pessoas não são todas simpáticas, que pouco lhes importa a injustiça se não for com elas próprias. 'Tenho pena', foi o que mais ouvi. Não sei como é que ainda não se transformaram em galinhas. Entendi que se me deixar rebaixar vou deixar de ter controlo sobre a situação. Educação existe, mas tenho que lhe juntar atitude, força, sem medo das consequências ou das pessoas apenas por serem mais velhas. Preciso tanto de trabalhar nisto, tenho a certeza que Abril me vai proporcionar situações para tal.
Entendi com a minha mãe, que sou demasiado sincera e justa pelo melhor. As pessoas mais sinceras, são as que se dão pior no mundo Catarina! Por algum motivo, os políticos estão, onde estão, bem de saúde e cheios de fortunas. Não tenho por hábito mentir, fugir as minhas responsabilidades, mas vivo num mundo em que as pessoas se aproveitam.
Para além de todo o choro, ri-me muito, muito. Fortaleci as minhas amizades, percebi que das pessoas que conheci este ano, algumas delas são minhas amigas. Preocupam-se comigo e não me deixam ficar mal. Ri-me, diverti-me. Cada vez mais acredito que uma amizade faz-se de companheirismo, positividade, saber ouvir, permitir falar. Ninguém imagina o quanto me faz feliz quando percebo que estou a ter uma conversa de igual para igual, sem estar sempre a ouvir, ou estar sempre a falar, sem pensar se o que estou a dizer pode ser certo ou errado.
Fartei-me de estudar para Anatomia. Podia ter-me esforçado mais para Fundamentos. Fui feliz a comer gelados no Mc Donalds. Tive a minha primeira tentativa de dar sangue. Fui visitar a parte de esterilização e bloco operatório do Hospital de Aveiro, foi muito rápido, mas adorei. Fui ao dia da Defesa Nacional e andei de tanque. Revi os meus conceitos de conhecidos e desconhecidos em relação a pessoas nesse dia. Tornou-me um pouco melhor cozinheira, ganhei um pouco mais de olho para a coisa.
Foi um mês preenchido, com coisas boas e más, valeu com toda a certeza. Obrigada.
Sei que no inicio do ano comecei com o Pote dos Sorrisos, só que muita coisa tem acontecido que me fez desistir da ideia no mês de Fevereiro, recomecei em Março, no entanto voltaram acontecer coisas. Com isto tudo quero dizer que vou deixar de fazer o Pote dos Sorrisos, propriamente dito, vou apenas fazer uma reflexão de cada mês, lembrando-me ou não de determinados episódios.
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