Em 1940 já havia história. Aquele contrato feito à mão da propriedade do terreno dos meus avós feito pelos pais ou avós do meu avó, hoje apareceu na minha mão, 75 anos depois. Talvez o que eu escreva hoje os meus netos possam ler um dia, tal como hoje também tive oportunidade de tocar na cédula militar do meu avó e ler um pouco da sua história. Habilitações literárias? Ler, escrever e contar. Tão simples, tão rico em simplicidade.
Uma casa tão simples, enriquecida de recordações. Cada divisão, cada objeto me faz recordar um pouco das suas vivências. Pensar que com tão pouco, conseguiram formar gerações.
Fascina-me a ideia de como tudo dantes era tão afastado e as pessoas mais juntas ficavam. Estou na flor da idade e faço parte desta história. Eu fiquei com um pouco deles e eles levaram um pouco de mim. Tudo parece estar tão relacionado.
Eu tenho o meu feitio inseguro, desorientado no que toca a opinião das pessoas em relação a mim, com vontade de amar, mas sem saber exatamente como é que se faz. Fugir, ignorar e negar prático diariamente. Aquela pessoa que sei que tinha tudo para entrar nesta história, fica à frente do meu olhar, sinto um pico no coração e fico sem saber como reagir, acabo por fugir. A simplicidade não chegou até mim. Observo e admiro quem consegue ser tão simples. O mundo coloca as pessoas no caminho, só temos que fazer com que elas fiquem. Perder o medo e o orgulho, confiar.
De acordo com a mitologia grega, os seres humanos foram criados originalmente com quatro braços, quatro pernas e duas cabeças com duas faces. Temendo o seu poder, Zeus dividiu-os em dois seres separados condenando-os a gastar suas vidas em busca de suas outras metades.
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