Só de pensar que há cerca de um ano estava completamente perdida no que ia decidir e hoje estou aqui a satisfeita por ter terminado esta etapa com os objectivos cumpridos. Vou contar-vos um pouco desta aventura nestes meses e para ser mais fácil vou dividir o texto corrido por tópicos assim se te interessar, podes ler os tópicos que preferires.
Escolha do curso: Desde que me lembro que sabia que saúde era a minha área. No inicio das aulas quando me perguntavam o porquê de ter escolhido Enfermagem dizia que desde muito criança convivi com hospitais e sempre me agradou a ideia de salvar e cuidar de pessoas. Diz-se que só vai para enfermagem quem não tem media para medicina e talvez seja verdade, mas isso não deixa amargura. É como se sempre soubesse que era este o caminho. Estou aprender coisas que me estão ajudar a crescer interiormente enquanto pessoa e a compreensão do mundo.
Disciplinas e Testes: Tenho uma novidade para vocês, os universitários só chamam cadeira e frequências para aparecer algo grandioso. A verdade é quando falamos uns com os outros é disciplinas e testes. Este semestre tive 6 disciplinas, Anatomia e Fisiologia I, Estruturas Organizacionais de Sociais de Saúde, Tecnologias de Informação em Saúde, Bioquímica e Biofísica, Fundamentos de Enfermagem I e Ensino Clínico.
Nota 1: Os stores ficaram no secundário, fui tantas vezes corrigida pelo meu professor de anatomia que já me habituei de novo à educação de tratar por professor.
Aulas Teóricas: Posso dizer as primeiras semanas assustei-me. Os professores avançavam demasiado rápido e eu não tinha tempo de apanhar nada. Tentei o método de tentar tirar apontamentos num caderno mas não funcionava porque depois quando ía ver, já não me lembrava de onde vinha. Por isso decidi nas aulas que tinha powerpoints em papel comigo tirar os apontamentos ao lado dos slides e tentar estudar a matéria atempadamente do teste. Percebi também que na universidade aprender, é em casa, em cima da secretária a discutir sozinha, porque o que vou guardar das aulas é mínimo.
Faltar: Há determinadas disciplinas que as aulas teóricas não marcam faltas e não tem mal nenhum faltar se temos algo mais necessário para fazer. Lembro-me de uma semana que tinha teste de anatomia e estava muito atrasada a estudar a matéria, faltei as aulas teóricas de EOSS, e depois na semana de EOSS faltei a Anatomia para estudar EOSS. São escolhas, posso faltar para ficar a dormir, ou fazer algo de produtivo, desde que não me esqueça que estou lá para cumprir os objectivos visto que os meus pais estão a esforçar-se a dar-me todas as condições para ter um futuro como desejo. O que posso dizer é que a universidade não existe a ideia de faltar por rebeldia. Na minha opinião só se deve faltar por necessidade.
Dificuldades e notas: Vim do secundário habituada a grandes notas e apanhei com o choque de começarem a chegar os 10, 11, 12, 13 valores. Tenho uma crença em mim que acredito que se estudar negativa não tenho e assim foi. Passei em todos os testes, não com grandes notas e isso desiludiu-me um pouco. Acabei por meter na cabeça como toda a gente que o que importa é passar. No próximo semestre, como o choque já passou e estou vacinada vou tentar tirar notas ao meu ver em condições.
Aulas práticas: Se há momentos em que aprendi alguma coisa foi nas aulas práticas, ajudaram-me imenso. Em fundamentos de Enfermagem aprendi a avaliar sinais vitais (temperatura, pulso, dor, tensão arterial e respiração), os posicionamentos que podemos colocar os doentes na cama, transferências de lugar e dar banho. Foi tão divertido. A primeira vez que medi a tensão arterial sentia-me uma ignorante, a professora resmungou tanto comigo, sem maldade claro, e só lhe respondi, "hoje não sei, mas para a semana já sei" e assim foi. Quase me sinto uma experiente no assunto. Em Anatomia só quem tem é que sabe o que ajuda ver as coisas em três dimensões. Aprendi muito mais facilmente os ossos a apalpa-los do que a olhar para as imagens dos livros. As notas das aulas práticas ajudaram-me imenso a aumentar a minha média.
Nova casa: Comecei por ir e vir todos os dias o que acabou por me esgotar de cansaço (enquanto não saía o resultado da residência) até que consegui um quarto partilhado numa casa particular. Sou filha única e foi otimo partilhar quarto. Aprendi a tomar conta de mim e a começar a pensar nos outros e a sua forma de ver as coisas que eu tenho que respeitar. Aprendi comigo que depois de sujar o prato vou lava-lo e não deixa-lo em cima da mesa até a noite. Acordei mais cedo sempre que necessário para tomar banho para não interferir na vida das outras pessoas que também precisam da casa de banho de manhã. Dividíamos as tarefas domésticas. E esqueci-me que a casa não é minha e que eu não tenho o direito de levar para lá quem quero. Aconteceu, uma, duas vezes que pedi autorização para deixar ficar lá a dormir quem me pedia, e a terceira, a senhora deve ter achado que estava a abusar e respondeu-me com um discurso que significou não, não podes. E eu fiquei muito chateada. Eu esqueci-me foi que já se vivia naquela casa antes de eu lá aparecer e tenho que respeitar a lógica dela. Quanto a minha colega de quarto, para mim tornou-se uma amiga, falamos de tanta coisa quando estamos juntas.
Estudar com amigos: Tornou-se um habito a noite irmos estudar para a residência de rapariga da minha turma. Aprendemos muito melhor juntos. Foram noites a chegar perto da 1 da manhã a casa com o estudo realizado.
De colegas a amigos: Tenho a noção que não confio lá em ninguém a 100% mas sei que posso contar com muitos deles e que gostam de mim da forma que eu sou. Tiram o melhor de mim. Conheci pessoas que se tornaram a minha família fora de casa. Pessoas que este mês que tive de férias fiquei cheia de saudades de voltar a vê-los.
Quintas académicas: Gosto de sair a quinta a noite, não aconteceu muitas vezes, mas saí sempre que houve jantar de curso e de turma, coisas desse género. Bebo, sei os meus limites e recuso-me a ficar bêbada. Aprendi a lidar com pessoas bêbadas a primeira vez assustei-me, agora não abandono ninguém, mas também não sou mãezinha. É tão melhor quando estamos todos conscientes e nos divertimos a dançar, conversar, fazer figuras.
Praxe / Faina académica: Adorei. Tenho saudades das quartas à tarde. Jogos, concursos sem prémios. Adorei a faina que nos fez conhecer a cidade, andamos a pedir palitos e fazer jogos em cada posto, foi nessa que fiquei com a certeza de quem queria para meu patrão (padrinho) (só eu sei o quanto me custou fazer o pedido oficial, custa-me tanto ser o centro das atenções), fez-me feito limpar um ovo do chão com o rabo. Apesar de ter passado uma tarde sentada na relva molhada com chuva, gostei imenso do batismo da universidade. Adorei o batismo do departamento, toda a cerimónia e sermos praxados de noite foi muito giro, nunca mais me vou esquecer de quanto tempo fiz de passarinho. O meu nome de faina é Farfetch'd (é um pokemon giro). Estas tardes e noites faz-nos brincar enquanto temos vida de adultos, é tão bom. Uma coisa ligada a faina foi o concurso do grito académico que fomos até 3º fase. Domingos, segundas, terças e quartas em ensaios a noite a meia hora de casa, aprendi tantos caminhos que desconhecia, conheci tanta gente de cursos que se não fosse não chegava a conhecer.
Oh pá, foi bom. Todo o esforço, todo o conhecimento, todas as aventuras. Cresci enquanto pessoa, aprendi a dar a minha opinião, a respeitar os outros, a saber ouvir e a perceber se os outros me querem ouvir. Que o próximo seja tão bom ou melhor. Obrigada.
É sempre uma mudança muito muito significativa, é um passo de gigante na vida de uma pessoa, que acaba por definir a nossa personalidade e a maneira como encaramos o dia a dia. Ainda bem que é um balanço positivo! Isso sim, é o mais importante =)
ResponderExcluirBeijinhos,
http://mrswonderlandby2.blogspot.pt/
Uma experiência que vai sempre marcar a vida (:
ExcluirObrigada =)