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Sol de Inverno.


Era uma vez uma menina de cabelos lisos e olhos castanhos… Esta menina brincava as bonecas e sonhava em ser feliz quando cresce-se. Desde muito pequena, era bastante envergonhada, e tinha muito medo que a ofendessem. Achava que tinha que ser amiga de todos os meninos da escola, não gostava de conflitos e não sabia reagir se fosse o centro das atenções, por uma vez fosse… por uma vez. Tinha medo dos gandulos da sua rua, e quando saía de casa sozinha, levava uma pedra na mão. Nestes tempos, lembrava-se de brincar nos campos com erva-gigante perto das vaquinhas com manchas pretas da avó. Sabia que era amada pelos pais, mas, se alguma forma, tinha medo de não ser amada pelos outros… Fazia tudo para agradar. Lembro-me que ela tinha poucas amigas, e dava-se melhor com os meninos, os seus vizinhos. Deu o seu primeiro beijo à porta do elevador do seu prédio sem saber bem o que estava a fazer. Era feliz e insegura. Os invernos foram passando, uns a seguir aos outros, e percebeu mesmo com todas as dificuldades, ela tinha um sorriso na cara para mostrar aos pais que conseguia superar as idas ao hospital. Ela não tinha uma doença grave, mas de alguma forma incomodava-a. Via os hospitais como um local para fazer amigos que também sabiam o que era sofrer… Lá fazia aqueles amigos que no dia-a-dia não tinha para a compreender. Com estas idas ganhou o gosto pela medicina e desde muito pequena queria ser médica, para ajudar os outros. Os invernos foram sucessivos, do ciclo lembra-se pouco, mas do pouco que se lembra, lembra-se que era uma menina tímida, que só era capaz de se soltar perto da família e amigos chegados, ninguém a conhecia verdadeiramente. Tentava fazer-se de forte e acabava por chegar ao ponto de chorar sem motivo. Arranjou ajuda, e hoje só agradece por isso. No inverno que apareceu a ajuda, o seu avô faleceu, a primeira morte que sentiu na pele. Lembra-se como tivesse sido ontem, dois dias antes da véspera de Natal sentia a família toda agitada, porque o avô estava em risco de ficar sem pernas. Por volta das 3 da tarde, a menina encontrava-se na casa de um vizinho a brincar, ligaram para a mãe dele a contar o sucedido. O enterro foi na véspera, ela já não achava grande graça ao natal, e a partir dali deixou de ter encanto. Uns meses depois, conheceu um rapaz, o grande apoio da vida dela naquele tempo, davam-se muito bem e falavam todos os dias. Ajudavam-se mutuamente. Eram de terras afastadas, mas arranjavam maneira de se encontrar. Apaixonaram-se e passado um ano começaram a namorar, foi aí que ela considerou o seu primeiro beijo. O seu primeiro amor. Naqueles tempos sentia a felicidade da cabeça aos pés, acreditava que era amada por alguém além dos pais. Foram bons tempos para ela. Foram 10 meses únicos, naqueles 2 anos, sentiu que havia mesmo alguém que se importava realmente com ela. O amor aos poucos deixou de existir da parte dele, e agora também já não existe do lado da menina, mas não se arrepende. O secundário aproximava-se e ela não sabia que escola escolher… Com que amigo é que deveria ir. Decidiu que deveria deixar os amigos mais chegados e acabou por ficar numa turma sozinha. Estava a tempo de trocar, mas achou que não valia apena. Foi a melhor das melhores coisas que lhe aconteceu. Contribui muito para a pessoa que é hoje. Conheceu pessoas com personalidades variadas e percebeu que também consegue ter amigos verdadeiros. Aprendeu a distinguir os amigos dos colegas. Quando o namoro dela terminou o 10 ano de secundário ia a meio, andava de rastos. Passado meses, começou a reparar noutro rapaz. Não o conhece, mas sabe que é especial para ela. A menina com a vida resumida até hoje em 652 palavras, chama-se Catarina, e sou eu. Neste inverno o sol brilha no céu e brilha na minha vida. A vida não tem que ser fácil, um mar de rosas, não tem. Nestes 16 anos de vida sinto que me estou a tornar adulta e espero que um dia, daqui a mais 16 anos, venha completar este texto para ver rever os momentos e os ensinamentos. Todos nós temos invernos diferentes, e somos todos especiais por isso. 

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