Há certas coisas que guardo para mim. Assuntos demasiado fortes ao meu ver que afetam na personalidade que tenho. Assustos esses, que acho que as pessoas têm dificuldade em entender. Ou então sou eu que tenho medo que das respostas que me possam dar.
Hoje decidi escrever sobre algo que me incomoda a serio.
Em criança, passei por momentos maus por causa das marcas tenho. Não me lembro especificamente de uma situação, no entanto com o passar dos anos fui ganhando medo de me mostrar e passei a não gostar do que vejo.
Cresci num meio em que toda a gente que conhecia era saudável, e eu era diferente. Tinha uma, duas cicatrizes. Cicatrizes essas que eu não gostava de ver. Revoltava-me ver gente reclamar com uma pequena mancha que tivesse na pele e eu ficava calada por aquela linha mais clara.
Dizia a minha mãe que só gostava de conhecer pessoas da minha idade que tivessem passado o mesmo que passei e tivessem essas tais marcas e assim me compreendessem.
Fui crescendo a ouvir de ano a ano alguém a comentar. E a minha auto-estima na altura do calor baixava e demorava a ganhar coragem de me mostrar ano apos ano.
Só que eu esqueci-me de uma coisa. Essas cicatrizes, as tais, são marcas de sobrevivência, de força e coragem. Podem não ser bonitas, mas foram uma consequência para eu ter uma melhor forma de vida.
Nos ultimos anos encontrei pessoas que estão comigo, gostam de mim, e não se importam. E eu própria, se vir alguém com uma, felizmente para minha cabeça, já conheci pessoas que tambem têm, não me importo.
Não vou mentir, no inicio do Verão, tenho receio que me mostrar, mas depois, ganho coragem e tudo muda, porque eu só tenho que me aceitar. Sem medos, não sou doutro mundo.
Assim, com este texto, tirei parte dos meus segredos ao mundo. E sinto-me muito mais libertada. Espero que se também tenhas umas, não tenhas medo de a mostrar.
São simplesmente marcas de sobrevivência.
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